Ecologia e conservação de uma espécie-chave de mamífero: a queixada (Tayassu pecari) na Mata Atlântica

Resumo

Programas de conservação da Mata Atlântica necessitam quantificar o grau de retração das espécies-chave no bioma e integrar escalas espaciais local e da paisagem em estudos de interações interespecíficas de grandes mamíferos. Queixadas (Tayassu pecari) são altamente vulneráveis à caça e à fragmentação e suas populações estão desaparecendo de áreas relativamente extensas da Mata Atlântica. No entanto, até o presente momento, não existe nenhum trabalho sobre a porcentagem de retração da espécie no bioma atlântico. Além disso, queixadas desempenham papel único no processo de regeneração da mata uma vez que predam e dispersam sementes, pisoteiam e predam plântulas, destroem raízes e remexem o solo e vivem em bandos que chegam a centenas de indivíduos, criando padrões de distúrbio e regeneração em escala e intensidade que nenhum outro herbívoro o faz. O presente estudo tem dois objetivos principais: (1) quantificar o grau de retração de queixadas da Mata Atlântica nos últimos 30 anos; e (2) unificar a compreensão sobre as interações entre queixadas e plantas em escala local e da paisagem. Para atingir o primeiro objetivo serão utilizados dados de distribuição histórica, modelo de nicho ecológico e distribuição atual da espécie no bioma atlântico. Para atingir o segundo objetivo será utilizada a telemetria por satélite e a amostragem da vegetação em escala local e da paisagem, no Parque Estadual da Ilha do Cardoso. O presente estudo irá gerar informações ecológicas inéditas sobre uma espécie-chave e altamente vulnerável de mamífero neotropical, a queixada, em um dos biomas mais ameaçados do mundo, a Mata Atlântica.