Compostos anti-inflamatórios presentes nas própolis brasileiras são produzidos e/ou modificados pela microbiota nativa desse sistema holobionte?

Resumo

A própolis é uma mistura resinosa proveniente das resinas e botões florais de plantas, coletadas por abelhas Apis mellifera. A maioria dos estudos relacionam a atividade biológica da própolis com sua composição química (flavonoides, ácidos fenólicos, chalconas, dentre outros metabólitos secundários). Acredita-se que a composição química dos diferentes tipos de própolis esteja relacionada às plantas utilizadas pelas abelhas como fonte de pólen para a própolis, como Dalbergia ecastophyllum (própolis vermelha), Baccharis dracunculifolia (própolis verde) e Mimosa tenuiflora (própolis verde da Caatinga). Contudo, não existe ainda o entendimento se a presença de uma microbiota, tanto na origem botânica quanto na própolis, pode eventualmente influenciar a composição dos metabólitos secundários presentes nos diferentes tipos de própolis e consequentemente a sua atividade biológica. Assim, nesse projeto propõe-se investigar a microbiota das própolis verde de Minas Gerais, da Caatinga e da vermelha, e verificar a eventual contribuição destes microrganismos na produção e/ou transformação de compostos anti-inflamatórios. Objetivos específicos incluem: a) isolar e cultivar bactérias de amostras das própolis e suas respectivas origens botânicas visando realizar uma investigação metabolômica sobre a biotransformação bacteriana de metabólitos vegetais; b) realizar um fracionamento químico dos extratos de diferentes tipos de própolis e conduzir um screening para atividade anti-inflamatória (ativação do NF-ºB e determinação de TNF-±) selecionando os mais promissores; c) realizar análises metabolômicas das frações obtidas com anotações a existência de novos compostos e/ou modificados seguido por espectroscópicas (RMN e outras) e espectrométricas (EM) caso necessário; d) avaliar o mecanismo de ação anti-inflamatório por mRNAseq utilizando-se plataformas Illumina e citocinas por multiplex de compostos que sejam isolados e identificados; e) avaliar a toxicidade in vivo desses compostos em modelo de Galleria mellonella e, avaliar a atividade anti-inflamatória em modelo de co-cultura de células intestinais Caco-2 e RAW 264.7.