Padrões de atrofia cortical e déficits cognitivos associados ao envelhecimento saudável: um estudo de seguimento por ressonância magnética estrutural

Resumo

A presença de declínio cognitivo é uma queixa frequente entre os idosos na população geral e pode estar associada a alterações estruturais cerebrais que ocorrem durante o envelhecimento. Diversos estudos de ressonância magnética (RM) em idosos saudáveis têm avaliado a relação entre envelhecimento, diminuições volumétricas de substância cinzenta (SC) e desempenho cognitivo, usando desenhos de corte transversal e testes de correlação. No entanto, estudos de RM longitudinais avaliando tais questões foram muito escassos até hoje, e nenhum destes verificou se a progressão de déficits cognitivos e diminuições de SC em idosos saudáveis ao longo do tempo são influenciados pelo risco cardiovascular e variações alélicas do gene que codifica a apolipoproteína E (APOE). Este estudo terá como objetivo investigar, utilizando desenho longitudinal com medidas repetidas de RM: as características da perda de SC cerebral ao longo de 3 anos em idosos saudáveis de uma comunidade da cidade de São Paulo; a relação entre perda regional de SC cerebral e progressão do declínio no desempenho cognitivo ao longo dos 3 anos; e a influência de polimorfismo do gene codificador da APOE e de fatores de risco cardiovascular sobre os padrões de perda de SC e déficits cognitivos nestes indivíduos. Métodos: 170 voluntários idosos (acima de 65 anos) foram inicialmente avaliados, e após 3 anos, uma subamostra de 65 sujeitos realizaram um segundo exame de RM estrutural em equipamento de 1,5 Tesla, bem como reavaliação cognitiva com instrumentos padronizados e validados transculturalmente. Todos os sujeitos foram genotipados para determinar a presença/ausência do alelo APOE4, bem como aferição do grau de risco cardiovascular de acordo com escores de Framingham. Usando a técnica de morfometria baseada em voxel (voxel-based morphometry; VBM) através do software SPM8, testaremos as hipóteses de que: a progressão da perda do desempenho cognitivo estará associada a diminuições volumétricas de SC ao longo de 3 anos, envolvendo a região hipocampal e os neocórtices temporal e frontal; e perdas cognitivas associadas à diminuição progressiva de SC cerebral serão maiores em indivíduos com alto risco cardiovascular e em portadores de alelo APOE4. (AU)